LIXO-GRAVURA

Voltar
10/3/2015

O meu caso é simples: eu não queria confrontar o fato que eu não voltaria pro Brasil-São Carlos. Na realidade, eu não voltaria mais para aquela vida sem compromisso nem responsabilidades - além das acadêmicas. Não voltaria mais para este maravilhoso lugar em que eu era um estrangeiro agradável e todas as coisas que fazia iam bem. O lugar onde podia me posicionar com um estilo de vida diferente daquele que eu tinha na Costa Rica, porém, que dava grandes liberdades, autonomia, e certo conformismo que me relaxava mesmo. Mexe com a construção mesmo de uma identidade diferente, num ambiente distinto. Mesmo sendo a mesma pessoa (eu sempre sou eu), com uma única história, com meus desafios, medos e ansiedades, no fundo eu consegui desenvolver um cara super legal: “Maradona”. Claro, Maradona tinha um suporte muito bom que se chama Ivan...
Ivan é o cara que oferece proteção, seguridade, estabilidade e credibilidade. Maradona aproveita isso para se relaxar, para ir de festa e descansar o dia completo a ressaca. Maradona podia refletir sobre o mundo e viajar sem pensar em poupar ou no futuro. Ele não precisava fazer isso porque para isso existia o Ivan.  
Por isto que é tão difícil confrontar os erros e fracassos pro Ivan. Se Ivan errar, o que porra vai acontecer!!
Contudo, mesmo que eu construí isto, sempre desejei voltar... louco. 






Mais lixo (reciclável)
28/08/2014

Eu li isto faz uns dias, e achei bem legal: “Na minha época “Nirvana”, eu estava procurando loucamente à Courtney Love... mas quando encontrei ela, reparei que eu não era o Kurt Cobain. Quem experimentou entende!




Essa moça ta diferente
21/02/2014


Essa moça tá diferente
Já não me conhece mais
Está pra lá de pra frente
Está me passando pra trás
Essa moça tá decidida
A se supermodernizar
Ela só samba escondida
Que é pra ninguém reparar
Eu cultivo rosas e rimas
Achando que é muito bom
Ela me olha de cima
E vai desinventar o som
Faço-lhe um concerto de flauta
E não lhe desperto emoção
Ela quer ver o astronauta
Descer na televisão
Mas o tempo vai
Mas o tempo vem
Ela me desfaz
Mas o que é que tem
Que ela só me guarda despeito
Que ela só me guarda desdém
Mas o tempo vai
Mas o tempo vem
Ela me desfaz
Mas o que é que tem
Se do lado esquerdo do peito
No fundo, ela ainda me quer bem

Essa moça tá diferente
Já não me conhece mais
Está pra lá de pra frente
Está me passando pra trás

Essa moça é a tal da janela
Que eu me cansei de cantar
E agora está só na dela
Botando só pra quebrar

Mas o tempo vai
Mas o tempo vem
Ela me desfaz
Mas o que é que tem
Que ela só me guarda despeito
Que ela só me guarda desdém
Mas o tempo vai
Mas o tempo vem
Ela me desfaz
Mas o que é que tem
Se do lado esquerdo do peito
No fundo, ela ainda me quer bem



Ouvir samba me faz chorar... é tanta a saudade….
13/09/2013  

 

O Estrangeiro

31/05/2013


Faz uma semana, uma pessoa me falou assim sobre meu retorno à Costa Rica: “Vc vai ficar com saudades do pão de queijo!” Ela me falou de um jeito gentil; ela sabia que depois de morar pouco mais de dois anos aqui, meus laços com este país teriam se fortalecido.

E se fortaleceram sim. O pão de queijo com certeza é só uma pequena parte das muitas coisas das quais sentirei profunda saudade... Assim, poderia se pensar que é exatamente como quando alguém vai fazer turismo. Geralmente o turista gosta de conhecer lugares novos, comer, desfrutar e aproveitar o máximo possível. Porque é isso que faz uma pessoa que viaja, não é? Desfruta o máximo possível, no período de tempo determinado de férias: sejam 5 dias, uma semana ou um mês. Sempre quem viaja tem a ideia fundamental de tentar aproveitar tudo o que o tempo (e o dinheiro) aguente.

Meu caso é particular; eu não conheci todos os lugares que queria conhecer: não conheci Amazônia, não conheci BH, não conheci o Nordeste, nem Salvador... não conheci Brasília e muito menos Rio! Não tive a oportunidade de comer as muitas comidas gostosas que existem aqui... não consegui aprender a sambar, nem fiz aulas de violão ou pandeiro. Nunca fiz capoeira, e essa era uma das coisas que queria aprender.

Reflexionando porque não fiz essas coisas, pensei que talvez fosse pela falta de tempo: estava estudando, trabalhando na minha dissertação e isso é lógico que atrapalha... Mas, na verdade, com disciplina e aproveitando as férias, acho que dava tempo sim. Então, se não foi pelo tempo, talvez, foi pela grana. Viajar é caro demais; pegar ônibus, talvez um avião... comer fora, encontrar um hostel/hotel, beber umas cervejinhas...  Com certeza foi a grana... ou não? Na verdade, poupando um pouco por mês, era razoável fazer alguma viagem e conhecer um pouco mais. Pelo menos Rio ou BH!

Claro, se não foi tempo nem dinheiro o problema, com certeza, foi que não gosto de viajar sozinho. Sempre é muito mais gostoso viajar com alguém, e não tinha ninguém com quem viajar. Mas isso também é meio falso; na verdade, sempre poderia ter combinado com as muitas amizades que fiz aqui. Todo mundo tem responsabilidades, mas, mesmo assim, todos sempre estamos a fim de passear, não é?

Mas então, porque que não fiz tudo o que eu queria? Porque em pouco mais de dois anos, não consegui quase viajar, comer coisas diferentes... aproveitar? Gente, poucas são as pessoas que tem a oportunidade de ser “turista” por dois anos!!

Hoje, já com maior claridade da minha situação descobri com satisfação que nunca fui turista. Nunca fui. Quando eu cheguei aqui, foi para estudar e aprender. Mas eu fui além disso. Eu fiz uma vida. Aquela frase que repetia e repetia “que esta era só uma experiência, eu vou voltar daqui a pouco” era mais para me convencer que para convencer os outros. Aqui tudo deu muito certo, e eu já sabia que seria assim. Agora eu sei que “voltar” é uma coisa super fictícia. Voltar pra onde? Tenho um lugar definido para fazer minha vida? Não sei... Assim como eu posso ficar na CR, posso ficar aqui, ou posso ficar por lá! Isso não é importante agora. Hoje o importante é que ainda “não voltei”. Por isso que ainda não conheço Rio; por isso que ainda não conheço o Nordeste, e por isso que ainda não sei sambar! Porque ainda não acabou a minha viagem. E eu não estou pensando acabar a viagem ainda.


Gênio!

25/03/2103



Refazenda

23/10/2012



Abacateiro acataremos teu ato
Nós também somos do mato como o pato e o leão
Aguardaremos brincaremos no regato
Até que nos tragam frutos teu amor, teu coração
Abacateiro teu recolhimento é justamente
O significado da palavra temporão
Enquanto o tempo não trouxer teu abacate
Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão
Abacateiro sabes ao que estou me referindo
Porque todo tamarindo tem o seu agosto azedo
Cedo, antes que o janeiro doce manga venha ser também
Abacateiro serás meu parceiro solitário
Nesse itinerário da leveza pelo ar
Abacateiro saiba que na refazenda
Tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar
Refazendo tudo
Refazenda
Refazenda toda
Guariroba


Obrigado T.

19/06/2012

Interessante como eu me acostumei tão rápido com sua presença, e agora parece tão grande sua ausência...


Cadê o barquinho?

30/05/2012



Cansativo e irritante

17/05/2012

Eu sou um olhar, sou simples, sou portunhol, sou um favor, sou sensível, sou o jeito como eu faço a barba, sou como eu falo, sou um sorriso, sou um café da manha, sou uma voz macia falando no seu ouvido, sou uma dancinha espontânea, sou uma mão macia, sou um abraço sincero, sou nostalgia, sou raiva, sou uma vida só.


Bipolaridade

9/05/2012


Ivandélico

29/04/2012

Ontem assisti o documentário “Filhos de João, O Admirável Mundo Novo Baiano”. Segundo a sinopse: “O filme conta a história do grupo musical Novos Baianos. O filme se concentra em um dos períodos mais férteis e efervescentes da produção musical brasileira – final da década de 1960 – época em que o grupo eclodiu. Foi neste período que João Gilberto, recém chegado dos Estados Unidos, começou a conviver com os Novos Baianos, tornando-se uma espécie de guru. Com extrema sensibilidade, e absoluta despretensão, transformou a mentalidade daqueles jovens irreverentes e mudou o rumo da MPB”.

Achei o documentário muito bom, falando um pouco sobre a história de este grupo de jovens que teve um momento virtuoso em relação à composição de musica. Foi interessante que eles mesmos viviam todos juntos num sítio, afastado de tudo, onde eles mesmos falam, só jogavam futebol, tocavam musica e fumavam maconha.



Numa perfeita harmonia hippie brasileira, este grupo de jovens conseguiu (por um período de tempo) conviver sem preocupações e fazendo o que mais gostavam: curtir a vida. Curtindo a vida foi que se apaixonaram, tiverem filhos e pouco a pouco, as responsabilidades e o mundo perfeito foi acabando. A mesma liberdade que tanto gostaram, significou um padrão de vida que, sem querer, transformou-se num modelo de vida. As condições pessoais mudam, e assim, naturalmente, termina o período de aquela comunidade “perfeita”.

O filme me lembrou duma época muito linda da minha vida; aquela época em que uma parte de meus amigos não trabalhavam e a gente literalmente vivia fazendo passeios em lugares bem legais. Geralmente eram lugares afastados, e nesses 3 dias que a gente conseguia se reunir, curtimos pra caramba. Não importava nada e desfrutamos muito essa época. Eu lembro Atenas, Parismina, Flamingo, PZ, El Coco... são muitas e boas lembranças ao lado desses, meus grandes e bons amigos na Costa Rica. Em fim, o documentário me lembrou desses anos, e fiquei com saudades daqueles tempos. O tempo passa, mas, fica a lembrança duma época bem legal. Eu poderia dizer que, a gente também viveu como um “Novo Baiano”. 

Nós-talgia

19/04/2012



Essa famosa casa

28/03/2012

Hoje, vou comemorar -sozinho- o dia que eu entrei na sua casa. Não vou mentir; eu adorei o tempo que estive lá. A próxima vez, vou ter mais cuidado nas casas que eu entre... cansei de ser um “hóspede” como os outros, e os outros, e os outros...



Fechar a janela

24/02/2012



Dentro, muy dentro// Lá dentro, bem no fundo
Como un implante// Como um implante
Incrustado en mi interior// Incorporado dentro de mim

En mi cerebro// No meu cérebro
Loop implacable// Loop implacável
Mi voluntad destruyó// Minha vontade destruiu

Poquito a poco// Pouco a pouco
Tu te instalaste// Você se instalou
Eres huésped o invasor?// Você é hóspede ou invasora?

Tiñes mis días de fatal melancolía// Você pinta meus dias de melancolia fatal
Eres el hacha que astilló toda mi vida// Você é o machado que estilhaçou toda a minha vida
Premeditada y divina// Premeditada e divina

Cruel y despiadado// Cruel e implacável
Me has humillado// Você me humilhou
Y sin embargo aqui estoy// Mas, eu ainda estou aqui

Aunque me ultrajes// Embora você me insulta
Aunque me uses// Embora você me usa
Siempre a tu disposición// Sempre estive ao seu dispor

Se acabó// Não mais
He llegado al límite// Cheguei ao limite
De mi ciega devoción// Da minha devoção cega

Tiñes mis días de fatal melancolía// Você pinta meus dias de melancolia fatal
Eres el hacha que astilló toda mi vida// Você é o machado que estilhaçou toda a minha vida
Premeditada y divina// Premeditada e divina

Quiero desintoxicarme// Quero me desintoxicar
Cortar esta dependencia// Cortar essa dependência
Antes que sea tarde// Antes que seja tarde demais

Tiñes mis días de fatal melancolía// Você pinta meus dias de melancolia fatal
Eres el hacha que astilló toda mi vida// Você é o machado que estilhaçou toda a minha vida

Aterciopelados, 1998


O fim da autocensura 

24/01/2012

Especulação só gera dúvidas

Então, para deixar claro
Eu
Não sei de arte
Não sei de xilogravura
Não uso apelidos artísticos
Não sei de artes visuais
Não pratico yoga
Não gosto de andar de bicicleta
Não sou Inglês
Não atendo num hostel
Não sou brasileiro
Não moro na Alemanha
Não gosto de usar citações de Frank Zappa ou Bertolt Brecht
Não sei quem são Goeldi nem Gilvan Samico
Não sei tirar fotos, nem sei de fotografia
Não gosto de tirar fotos "estranhas ou diferentes"
Não sei nada sobre "product design" ou "modelagem 3D"
Nunca vi Watchmen, nem me interessa assistir
Não tenho um blog em Português (mas esta é a primeira vez que escrevo nesta língua)
Não falo francês, mas fiz algumas aulas
Nunca fui para ANPOCS (nem sei que “rola” lá, além dos trabalhos acadêmicos)
Eu não gostava das estrelas; agora eu sei por quê: acho-as ambivalentes
Eu não sou poeta, nem pretendo ser
Eu não gosto de escrever o que penso de maneira diferente; como se quisesse sobressair frente aos outros
Eu não me considero alternativo

Com certeza, não sou nada demais; mesmo assim não acho que todo isto seja parâmetro para saber quanto “mais ou menos” interessante é você.